Vou acabar agora mesmo com essa treva! E lá do oitavo, olho para baixo. Sinto tontura. Fecho os olhos... E num desses momentos de total desequilíbrio meu corpo despenca lá de cima em direção ao solo.É nessas circunstâncias que em poucos segundos, inconscientemente fazemos uma retrospectiva de momentos marcantes de nossas vidas...
Como um corpo em queda livre tem uma aceleração constante e uniforme, vou usar dos meus direitos e reproduzir esta cena em câmara lenta com alguns congelamentos de imagens em momentos específicos. Assim poderei confessar o inconfessável... Relatos que só vem a tona em situações cruciais.
Aos três anos de idade, matei meu professor de geografia, só por que o pobre falou que Maceió era uma cidade litorânea, capital de Alagoas, localizada na região Nordeste do país. Insistentemente ele dizia que tal palavra não significava alguém com crise de piti, que após ter amassado vários papéis, exibe-os com ar de vitória: - Amassei ó!
Após a execução, depositei o corpo do infeliz na caixa cor de rosa onde guardava os brinquedos que me desapontavam.
Na semana seguinte, fiz uma operação macabra trocando as cabeças de duas bonecas: uma loira e outra morena. Elas odiaram, choraram muito, mas mesmo assim mantive a troca pois achei que ficaram lindas.
Aos quatro anos ( congelar imagem) matei minha professora de história, pois ela insistia que não havia rei na Rússia, e muito menos príncipes e princesas.Coloquei seu corpo na mesma caixa cor de rosa que ocultei o professor de geografia.
Aos cinco anos matei Papai Noel por razões óbvias: ele simplesmente não existia. E o danado do velho continuou me trazendo presentes mesmo depois de morto.
Aos doze, me apaixonei perdidamente por meu professor de matemática de quarente e dois. Descobri então que ele era casado com uma louraça comprida, e com ela havia dividido e multiplicado. Dessa operação resultou em dois moleques mal encarados. Desolada, decidi suicidar-me devorando uma tigela imensa de gelatina de morango. Gelatina light pois não queria engordar. A tentativa foi frustrada, mas o conteúdo da tigela estava uma delicia. Lembro-me até agora de ter raspado com a colher até o último vestígio daquela maravilhosa iguaria adornada com frutas vermelhas.
Aos quatorze anos, eu... Não! Não vai dar tempo... Brammmmm... Ai ai ai que dor!!!
Meu traseiro vai de encontro ao tapete da sala de estar, e a escada capenga cai estrondosamente para o outro lado.
- Eu sempre disse que odiava trocar lâmpadas!!! Ai que dor!!!
Colibri Inquieto.
Oba, mais um texto para ler!
ResponderExcluirFinal surpreendente! Bem humorado! Engraçadíssimo! Morri de rir no final...
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